O SUICIDÁRIO
NIKOLAI ERDMAN
A farsa trágica, ou tragédia farseca, de Erdman […] situa-se na grande linha satírica do teatro russo, de que O Inspector-Geral de Gogol é o mais alto e mais conhecido expoente, mas não por certo o único.
Escrito originalmente em 1928 e revisto no começo dos anos 30, quando Stanislavski e Meyerhold disputavam a primazia de o pôr em cena, disputa resolvida a favor do segundo, O Suicidário não chegou contudo a estrear-se, apesar da enérgica intervenção em sua defesa de Gorki – para quem Erdman era “o nosso moderno Gogol”. A visão satírica, não ortodoxa, que da comédia se desprendia não era conforme os cânones do “realismo socialista”, que Jdanov iria em breve dogmaticamente impor.
Luís Francisco Rebello. "Nota sobre «O Suicidário»" in O Suicidário (Programa). Lisboa: Teatro Aberto, 1983.
encenação João Lourenço versão João Lourenço, Luiz Francisco Rebello, Vera San Payo de Lemos cenário António Casimiro figurinos Anahory, João Lourenço música Eduardo Paes Mamede luz António Mileu com Amílcar Botica, António Reis, Argentina Rocha, Carlos Pisco, Carmen Santos, Costa Soares, Filipe Crawford, Francisco Pestana, Irene Cruz, Joel Constantino, Jorge Gonçalves, José António, Maria Albergaria, Maria João, Mário Viegas, Melim Teixeira, Paula Guedes, Teresa Lima, Vasconcelos Viana interpretação musical Nuno Barroso
"João Lourenço, uma vez mais, requinta na qualidade, domina o espectáculo, dirige como ninguém e acomete, ousadamente, como é do seu gosto e como quase sempre tem feito, obra de forte e desafiadora carga polémica [...]."
Fernando Midões, Diário Popular (1983)
"A versão de Luiz Francisco Rebello, Vera San Payo de Lemos e João Lourenço foi muito bem estruturada e encontra-se recheada de «frases lapidares» com uma actualidade indesmentida – tanto nos anos 20 como nos anos 80."
Humberto Ferreira, A Tarde (1983)