COMÉDIA À MODA ANTIGA
ALEXEI ARBUZOV
Esta peça de Arbuzov [...] é de 1967. Hábil, séria, diz mais do que diz. Certo: não é uma obra-prima de profundidade ou de aventura de forma, mas bem enclavinhada na tradição do delicado humor russo que o teatro soviético não renegou. Humor não agressivo nem grotesco — outra linha do teatro russo, e soviético dos anos 20 — mas subtil, amável, movido pela ternura, pela simpatia íntima para com as existências perdidas, encontradas nas esquinas da vida, aqui e lá. As solidões serão mais internacionais do que a Internacional? O fluir do tempo representado será mais dinâmico do que as ideologias teóricas? A terceira idade será a terceira força?
Resumindo: peça muito russa, mas também soviética, mas também nossa. Assim a quisemos, sem o samovar do uso, sem a falsa balalaika, despojada ao essencial da condição humana: as palavras, os gestos, a respiração.
Jorge Listopad. "Comédia à moda de hoje" in Comédia à moda antiga (Programa). Lisboa: Teatro Aberto (1983).
dramaturgia Carlos Porto música José Gualberto cenário Dalton Salem Asseff luz António Mileu encenação Jorge Listopad com Carmen Dolores, Fernando Curado Ribeiro
"O êxtase é coisa avara, sobretudo para quem é um quase espectador profissional como eu. O êxtase aconteceu-me ali, em momentos perfeitos. O Teatro vale a pena [...] se, nem que seja uma vez na vida, acontecer um espectáculo como este."
Jorge Leitão Ramos, Diário de Lisboa (1983)
"Um espectáculo denso e belo, em que a preocupação constante é o prodígio da vida."
Anabela Mendes, Expresso (1983)